Esse texto não se refere ao São Paulo, especificamente, nem a nenhum outro time. Mas, sim a um sentimento.
Futebol sempre foi um vicio para mim. Jogar, assistir, torcer, ver jornais e mesas redondas. Ouvir no rádio e ver o VT depois.
Desde criança.
Até aí nada de anormal. Futebol é realmente algo empolgante e que emociona milhões e milhões de pessoas ao redor do planeta.
Mas, como acontece a escolha para torcer por um time?
Seria por incentivo dos pais? Do avô? Da fase do time? Para ser do contra?
Não sei bem como comecei a torcer pelo São Paulo. Quando tento me recordar do começo me vem à memória uma época que eu já estava fanático, apaixonado e viciado pelo time.
Quem me incentivou? Não sei.
Meu pai é santista. Gosta de futebol, mas de um jeito mais distante. Atualmente fica ouvindo a tv e fazendo outras coisas. Somente quando sai o gol ele levanta e vai assistir.
Meu avô era palmeirense. Também gostava de assistir futebol, mas geralmente dormia durante os jogos.
Meu irmão é são paulino. Pouca coisa mais velho que eu, mas também não se lembra quando e porque começou a torcer pelo tricolor.
Na época que comecei a torcer, final dos 80, torcer para o são paulo era uma grande moleza, como diria Milton Neves. Até que foi bom não torcer pelo time do meu pai e do meu avô, que vinham de uma fila de títulos que parecia infindável.
Mas, também causou um certo trauma. Aliás, a palavra mais correta seria frustração.
A frustração de nunca ter ido a um estádio juntos. Nunca ter comemorado uma vitória importante. Um título. Nunca ter gritado GOOOOLLLL junto com meu pai.
Claro que comemoramos juntos os da seleção (de 1994 foi inesquecível), mas é outra coisa. Torcer para seleção é meio que uma obrigação (não deixa de ser emocionante). Mas, torcer para o time de coração é outra história. A emoção é muito mais forte.
Time do coração é aquele parente que faz parte do seu dia a dia. Está com você o tempo todo, nas boas e nas ruins. Seleção é aquele parente distante que vem de vez em quando, nos divertimos, mas logo vai embora.
O título da Libertadores de 2005 foi algo surreal. Não só por estar no estádio. Mas, naquele ano, durante o torneio meu irmão ficou doente, entre a vida e a morte. Teve alta do hospital um pouco antes da final. E ter ele ali ao meu lado, vibrando e celebrando a vitória e a vida foi algo indescritível.
E esse sentimento eu nunca pude ter com meu pai.
Agora alguns papéis mudaram. Sou pai de uma menina linda. E quero que ela torça para o são paulo. Não somente por achar que é o melhor time para se torcer.
Mas, porque não quero passar de novo pela frustração de não poder dividir um grito de GOL com quem a gente mais gosta de dividir a vida.