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11 anos – Minha golden retriever

Esses dias você se aproximou de mim com o rostinho triste. Perguntei o que havia acontecido. Você me mostrou os dez dedos da mão e disse:

– Papai, não  vai mais dar para contar nos dedos minha idade.

Pois é, filha. Pois, é…

11 ANOS!

Você não estava triste de verdade. Estava fazendo aqueles draminhas que gosta de fazer de vez em quando e que dura poucos segundos. Geralmente esses momentos são finalizados com alguma piadinha.

Apesar de olhar nos dedos das mãos e saber que cresceu,  isso ainda não entrou na sua cabeça.

E sabe como eu sei disso?

Porque você não tem a noção do seu tamanho, filha.

Vira e mexe,  quando estou deitado assistindo tv, você vem e deita em cima de mim. A partir desse momento não vejo mais tv. E não é porque fico te olhando. É porque eu não consigo mais enxergar nada mesmo além de cabelos.

As vezes você senta na minha barriga, senta no meu peito, como fazia quando era pitiquinha, mas isso já passou (há algum tempo, diga-se de passagem).

Costumo dizer que você parece um golden retriever, que quando é filhotinho fica no colo do seu dono e, quando cresce, quer fazer a mesma coisa mais ocupa quase todo corpo do seu dono.

É assim que você fica em mim.

Você vive pedindo colo. Por motivos óbvios eu frequentemente nego. Mas, uma vez ou outra eu  acabo te pegando. Faço isso porque sei que não conseguirei fazer isso mais muitas vezes. E, mesmo assim, quando pego, me vem na mente a imagem de alguém segurando um golden no colo rs.

Essas atitudes de subir em mim, pedir colo toda hora… somada a outras como ver desenhos que seriam para crianças mais novas e algumas outras brincadeiras, me mostra que você está crescendo, mas sem nenhuma pressa.

E eu agradeço por isso.

Não estou dizendo que você é muito  infantilizada. Longe disso. Você tem suas vaidades, é responsável com seus compromissos, estuda, se dedica.

Você só adora ser criança e não se preocupa muito com esse negócio de crescer. Acho que você já entendeu que isso vai ocorrer e deixa acontercer de forma natural. Aproveitando ainda cada segundo da sua infância.

Sempre falo para você continuar do jeitinho que você é. E assim você segue sendo, linda, delicada, dedicada e muito admirável.

Ah, deixa eu te contar um negócio que aconteceu esses dias.

Era umas 21 horas. Eu estava trabalhando no computador e você veio com o pente pedindo para que  eu penteasse seu cabelo.

Esse dia  eu tinha pausado o trabalho por volta das 16h para estudar matemática com você. Geralmente, essa é a prova que os estudos demoram mais.

Após estudar com  você, eu estudei com seu irmão.

Quando acabou já estava de noite e fui preprar o jantar. Jantamos e  eu retomei o trabalho.

Quando você chegou com a escova para eu te pentear, sendo que você se penteia sozinha e claramente só queria  ser cuidada, eu olhei para você  e pedi para que se penteasse sozinha ou que esperasse a mamãe voltar da garagem porque eu precisava trabalhar.

Você falou:

– Nossa papai, porque você ainda está trabalhando?

Eu olhei para sua cara e fiquei quieto, só te olhando.

Você parou, me analisou, deu um sorriso debochado e disse:

– Ah é, você ficou estudando com a gente né hehe!

Tive vontade de agradir? Tive, mas  obviamente não fiz.

Esse dia desliguei o computador umas 23h. Cansado. Fui até meu quarto e  lá você dormia.

Te acordei para você ir para o seu quarto.

Geralmente nessa hora você vai andando. Meio perdida, sonâmbula, mas vai andando.

Nesse dia você levantou os braços para que eu te levasse no colo.

Pensei em dizer não. Pensei em dizer que eu estava cansado. Pensei em dizer que estava tarde.

Pensei no momento que você pediu para eu te pentear. Pensei que você só queria mais um pouco de cuidados.

Te peguei no colo mesmo cansado e com dor nas costas.

Você me abraçou. E cada passo  que  fui danndo em direção ao seu quarto pensei:

– Sim, todo esse esforço de hoje valeu a pena!

Ah… e você tirou 9,9 em matemática!

Obrigado, minha filha, por ser quem você é.

Obrigado, minha filha, por eu ser quem eu sou.

Feliz 11 anos de vida, minha golden retriever.

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