educar-e-dizer-nao

Educar é dizer não

Nessa história, os cachorrinhos Bigu e Clotilde vão ensinar (ou não) que educar é dizer não.

Educar é dizer não

educar-e-dizer-nao

– Cloooooooo, til, dê, oba oba!

– Bigu, para de cantar. To aqui pensando.

– Pensando o que?

– Sobre a Isa.

– O que tem ela?

– Você não acha estranho o fato de só ela entender o que a gente fala?

– É mesmo. Nunca tinha reparado.

– Pois é. Mas, tem outra coisa que me intriga também.

– Pois, me conte tudo.

– Você já reparou o tanto de “nãos” que nossos donos falam para a Isa?

– Sim, o que é que tem demais? Eles são assim mesmo. “Senhores do Não”. Mas, deve ser coisa de humano isso.

– Aí é que está. Eles não falam isso para mais ninguém o tempo todo. Somente para nós e para a Isa.

– É verdade! Mas, Clo, por que será?

– Então, não sei também.

– Já sei! A Isa na verdade é uma cachorrinha, que veio fantasiada de humano para se infiltrar no ambiente deles e convencê-los que nós merecemos comer carne todo dia, ganhar 5 horas de carinho na barriga diariamente e termos muitas bolinhas para brincarmos.

– Santo Deus! De onde você tira essas coisas, Bigu?

– Eu estudo.

– To vendo… Olha a Isa lá, vamos perguntar.

Clotilde vai em direção da Isa, mas o Bigu passa correndo por ela, chega perto da Isa meio esbaforido e pergunta rápido:

– Isa, não é verdade que você é uma cachorra que veio para nos libertar?

A Isa não entende nada:

– Que?

A Clotilde passa na frente do Bigu:

– Não liga para ele. É que estávamos aqui conversando.

– Sobre o que? – Indaga Isa.

– É que eu estava prestando atenção e reparei que você recebe tantos “nãos” como a gente. Só que os outros humanos não recebem tantos “nãos”.

Isa fica pensativa:

– É verdade! Mas, sabe o que eu ouvi eles falando uma vez?

A Clotilde responde:

– Não, o que?

– Que eles estavam cansados de falar tanto “não” para mim, mas que não tinha outra forma de me educar sem falar esses “nãos” de vez em quando. E que….

Isa se vira para trás e grita:

– Para de cheirar meu bumbum, Bigu.

Bigu se afasta, com cara de coitado.

Isa continua falando:

– E que educar é a melhor forma de demonstrar amor por nós.

Clotilde responde:

– Entendi.

Isa diz que tem que ir tomar banho com o papai e entra em casa.

O Bigu chega perto da Clotilde.

– Onde você estava?

– Tive que ir lá na garagem fazer um negócio. O que a Isa falou.

Clotilde responde:

– Eu não entendi direito, mas é qualquer coisa do tipo: eles falam “não” porque nos amam. Entendeu?

– Mais ou menos.

Bigu ouve um barulho no portão e passa para trás da Clotilde.

– O que foi, Bigu? Não precisa ficar com medo. É nossa dona que está chegando.

Bigu dá mais uns passos no sentido contrário.

Eles ouvem a dona gritando:

– Nãããããããooooooo!

Bigu vai mais para trás.

Clotide diz:

– Não precisa fugir, Bigu. Lembra que falar não quer dizer amar. Ela está nos amando…. Mas, por que ela continua gritando?

– Por que esse negócio de “não” deve ter outro sentido.

– Como assim – pergunta Clotilde?

A dona aparece e grita:

– Quem de vocês dois que mordeu meu sapato novo e deixou lá na garagem?

Clotilde olha para trás.

O Bigu já havia sumido no quintal.

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