A cena segue assim:
Isabela no quarto deitada na cama junto da mamãe. Eu chego no quarto e logo em seguida o Bernardo.
Como de costume, ele sobe na cama causando. Isabela segue vendo o celular.
Bernardo vai tentar ver o celular ao seu lado. Daqui a pouco, já está em cima da cabeça dela. Depois do corpo. Fica em pé em cima dela, senta na barriga, senta no braço, nas pernas.
Tudo isso com ela soltando deliciosas gargalhadas.
Até que uma hora ele senta no rosto da Isabela. E ela, no único folego que conseguiu em meio a tanta gargalhada, solta a seguinte frase:
– Ele não tem o menor respeito pela minha autoestima.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Eu e a mamãe caímos na gargalhada.
De onde ela tirou isso não temos a menor ideia, mas essa frase já virou um bordão aqui em casa. E geralmente o Bernardo está envolvido na parada.
Mas, dessa vez a questão é com a Isabela.
Filha, é com você que eu quero falar.
Chegando próximo ao seu aniversário comecei a pensar sobre o que escreveria.
E, lembrando como é nosso relacionamento, pude notar que nessa questão de acabar com a minha autoestima você é craque.
Esses dias a professora estava passando uma lição online e falando que na floresta tinha uma banda. O leão tocava um instrumento, o macaco outro, o jacaré outro, a girafa pandeiro… Você vira para mim e fala: Pai, não sabia que você tocava pandeiro…
Pois é, girafa é um dos elogios que você me chama.
E aquele joguinho “Tapa Certo”, que você fica brava quando não pega o pateta. Você, emburrada, logo diz: Ah, eu que queria pegar o papai…
Pois é, pateta é outro elogio que você me chama.
Sem contar as nossas outras infinitas brincadeiras que você sempre protege a mamãe, as vezes o Bernardo, mas sempre me esculhamba.
Mas, vou ser justo. Só quem pode “ofender” assim o papai é você. Qualquer outra pessoa que faz isso você briga (até a mamãe).
Até eu mesmo. Se faço alguma brincadeirinha com você e falo “Papai é bobo, né filha”, você logo diz: Não, papai é lindo e magnânimo (na verdade você prefere dizer magnamo).
E como eu adoro que você sinta saudade do dia que saímos só nós dois. Vamos fazer uma outra jajá, tá bom?
Ver as professoras te elogiando é muito bom.
E mais que isso, perceber a sua evolução é de explodir o coração.
Agora, poesia mesmo é ouvir sua risada brincando com seu irmão. Não há nada melhor nessa vida do que isso.
Eu não vou estender muito esse texto, porque esse será o primeiro que escrevo que você vai ler, já que você está ficando fera nesse negócio de leitura.
Continue assim, banguela, carinhosa, dedicada, curiosa e esculhambadora. É desse jeitinho que te amo.
Feliz 7 anos minha filha. O mundo continua sendo todo seu.
Te amo.
Os outros textos de aniversário estão aqui:
1 ano
2 anos
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